tava com a idéa longe dali e em dado instante, involuntariamente, pensei em voz alta:
— Que cavallos!...
Mr. Slang surprehendeu-se com a intempestiva exclamação e olhou-me a fito. Atrapalhei-me e, para remendo, disse:
— Sim, que cavallos... mal feitos, estes cavallinhos de xadrez, não acha?
Mas o raio do inglez percebeu o que me ia pelo cerebro e retrucou de modo a me fazer admirar a sua penetração.
— Não ha cavallidade nenhuma nessa desattenção aos reaes interesses do paiz. Ha má fé nuns poucos espertalhões e uma infinita incuria na massa dos congressistas. Já assisti a varias sessões da camara e assombrei-me do que nellas se chama votar.
Tambem eu conhecia o Congresso, e sabia muito bem o que alli se chama votar.
— E o remedio, Mr. Slang? perguntei ingenuamente.
— Não ha remedio, respondeu elle, sorrindo. E' a quarta vez, hoje, que você me pede remedio, como si minha funcção na vida fosse receitar para o Brasil.
Calei-me e mergulhei-me no jogo. Mas antes disso ainda houve tempo de passar pelo meu cerebro a lembrança de dois remedios. Um, o de Capistrano de Abreu: vergonha.