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mais ardente de patriotismo e rica de abnegação.

E fui por ahi á fóra até á terceira esquina, onde pela terceira vez paramos. Mr. Slang ouvia-me sem nada dizer. Percebi que desta vez o convencera ou pelo menos abalara algum juizo temerario que a respeito das nossas elites viçasse em sua consciencia. Mas de subito vi caminhando em nossa direcção um grupo de tres senadores, um dos quaes gordo como sapo-untanha. Senti um calefrio percorrer-me o corpo e, antes que a palestra dos tres expoentes da nossa nata politica chegasse ao alcance da apurada audição de Mr. Slang, agarrei-o pelo braço e metti-o num automovel.

— Vá para a China, Mr. Slang, vá deleitar-se com a desordem que está infernizando o celeste imperio. Mas vá convencido de que a nossa elite salva-se.

Mr. Slang não sorriu. Apertou-me a mão de um modo effusivo e disse apenas:

— Não se afflija, meu amigo. Eu creio na existencia de uma elite moral no Brasil. Apenas admitto que está ella arredada da sua funcção organica. Está á margem, á espera de que a chamem. Uma reserva, por emquanto — mas uma bella reserva, creia.

Respirei e tive impetos de beijar Mr. Slang.