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— Esta divisão entre revoltoso e legalista é das mais precarias e muito me espanta vel-a em sua boca — ou na de qualquer outro brasileiro. Esta vossa linda cidade está cheia de estatuas a revoltosos, erigidas pelo mais assanhado legalismo. No palacio da Camara vejo a de Tiradentes, um revoltoso; a de Deodoro, outro revoltoso; a de Benjamin, outro revoltoso. Na Avenida vejo a estatua de Floriano, outro revoltoso. Vejo ainda a estatua de Pedro I, outro revoltoso contra a legalidade da época. No largo de S. Francisco temos a de José Bonifaeio, ainda um revoltoso. Aquella ponte que liga o continente á ilha da Cobras recebeu o nome de Alexandrino de Alencar, outro revoltoso. Quando venho da Tijuca passo pela rua Frei Caneca, outro revoltoso. Entre os feriados nacionaes vejo o 21 de abril, homenagem aos revoltosos de Minas; vejo o 24 de fevereiro, commemorativo da legalização de uma revolta vencedora; vejo o 15 de novembro, commemorativo de uma revolta militar victoriosa; vejo o 7 de setembro, commemorativo de outra revolta victoriosa. E vejo ainda o 14 de julho. Não contente de homenagear as suas revoltas caseiras, o vosso paiz exalta as de fóra e dá feriado no dia em que a plebe de Paris, revoltada, des-