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MULHERES E CREANÇAS

tem aquellas santas utopias que são a suprema riqueza dos vinte annos; na sua escolha impera tudo menos o calculo e a arithmetica.

Prefere, pois, uma noiva pobre.

Applaudem-lhe a generosa imprevidencia; gabam-lhe os sentimentos honestos e cavalleirosos; envolve-o um certo prestigio durante uns poucos de mezes.

Os mezes da lua de mel.

— Portou-se admiravelmente! — exclamam as mamãs, contemplando com ar piedoso as filhas sem dote, e envolvendo na sua furia rancorosa os dandys que andam á pesca de noivas ricas, pelas aguas turvas da nossa sociedade.

Resultado pratico de tudo isto: seis mezes depois de casado, o nosso pobre heroe vê-se a braços com todos os encargos de um ménagea que falta o conchêgo e a alegria. Como não teve tempo de fazer-se amado, como o amor é no fim de contas um genero carissimo que o coração das meninas de hoje prodigalisa muito pouco, encontra em casa ao voltar das luctas quotidianas, a que se arrojou com novos alentos e nova fé, um acolhimento frio, um rosto desconsolado, uma mulher que finge resignação e que só tem despeito, porque o casamento lhe não deu nenhumas das frivolas vantagens que lhe promettera.

Tinha sonhado com toilettes elegantes, uma robe