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MULHERES E CREANÇAS
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colhêr invejas e semear despeitos, de todas as ferozes exigencias sociaes, de que são submissas escravas!

Desfranzem a testa, ageitam um sorriso malicioso ou sentimental, consoante o genero da physionomia, mergulham o corpo nas tepidas e perfumadas caricias do banho, vestem-se, burnem-se, penteiam-se, pintam-se... e apparecem transformadas.

Durante umas poucas de horas estão no palco.

O auditorio é escrupulosissimo. Ao menor indicio que lhe destôe, manifesta sem piedade o seu desagrado.

Ellas, no entanto, suam sous le harnais, mas são intrepidas até á heroicidade.

Teem caricias felinas, sorrisos que adormecem a tristeza nos corações mais desconsolados, sabem ser engenhosas, cheias de invenções felizes, conseguem plenamente o seu fim, e ao deixarem a scena fica no ar uma impressão boa, quasi enternecida.

Chegou a occasião de voltar aos bastidores.

N’este caso os bastidores são a companhia do marido.

Oh! Como ellas veem cansadas, aborrecidas, cheias de tedio, e de desalento! Despem, com a voluptuosidade com que se despe um cilicio, todas essas elegancias que as torturavam; o sorriso ficticio apaga-se-lhes dos labios, a luz ficticia esmorece-lhes no olhar.