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Página:Mulheres e creanças.djvu/247

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MULHERES E CREANÇAS
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um ao outro, n’um tom mais ou menos desafinado os duettos de ternura doentia que os romancistas, os prosadores e os maestros inventaram para conveniencia sua... dos seus emprezarios e editores, e para envenenamento do resto da humanidade.

N’este meio tempo, por detraz dos bastidores, os paes, que fingem não ver nada, calculam in petto quaes os prós e os contras pecuniarios do matrimonio hypothetico.

Se os primeiros levam certa vantagem aos segundos, celebra-se com a devida pompa o almejado consorcio, e n’essa noite ha mais dois desconhecidos, dois indifferentes, dois estranhos acorrentados um ao outro por um laço que devia ser sagrado, e que muitas vezes consegue sómente ser... dourado!

O marido no outro dia vae para as suas labutações do costume, para a vida exterior que o reclama e absorve, a mulher fica em casa provando os vestidos do enxoval, experimentando se lhe fica bem a touca, distinctivo invejavel das noivas, ensaiando os seus primeiros vôos timidos de senhora independente, que póde á sua vontade fechar o piano, atirar fóra o lapis e as tintas, deixar para um canto a costura e o bordado, e subverter-se sem receio das censuras maternas no dolce far niente, que tanto a namorava em seus dias de educanda submissa.