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MULHERES E CREANÇAS

amor dos anjinhos que virão de certo abençoar e consagrar o teu casamento; mas peço-te que sejas escrupulosa como eu sempre fui na escolha d’aquelles que admittires na sagrada intimidade do teu lar.

Procurei sempre evitar em ti todos os excessos, mesmo os excessos bons. Não te quiz beata, nem espirito forte; não desejei que fosses uma metaphysica, nem um entendimento demasiadamente positivo, nem mulher só de sala, nem mulher exclusivamente do ménage.

O ideal, minha filha, é que de tudo se saiba ser um pouco.

Gostarei que recebas com graça senhoril na tua saleta de todos os dias, artistica e confortavel, mas não desejarei menos que saibas ensinar a tua cozinheira, fazer o rol da tua roupa, concertar o fato de teus filhos, e economisar sem mesquinhez e gastar sem avareza.

Não quiz nunca que tivesses outra amiga, e creio ter feito bem.

Se foi egoismo, Deus não me castigou por elle, porque devi a essa precaução, por ventura excessiva, ter tido a deliciosa confidencia das tuas primeiras alegrias e dos teus primeiros sonhos.

Ámanhã já não serás minha, querido encanto; nem já serão os meus beijos os unicos que a tua pura