Não queremos, porém, n’este estudo despretencioso evocar a historia, nem revolver o lodo das passadas corrupções.
Queremos simplesmente fallar ao bom senso das leitoras, e queremos fallar chãmente, simplesmente, sem declamações, nem idéas preconcebidas.
Todos sabem que o nivelamento das classes, a livre divisão dos bens, a democratisação das fortunas, se teem conseguido debellar muitas e crueis injustiças sociaes do passado, teem sido tambem a destruição das colossaes fortunas de outro tempo.
Hoje, quando essas fortunas por acaso existem, são creadas pelo trabalho em grande escala, pelas importantes emprezas commerciaes, pela actividade devoradora de homens privilegiados.
Já se não fundam como antigamente em direitos estaveis e indestructiveis. São ephemeras, contingentes, dependem de muitas causas com que se não póde absolutamente contar.
Uma crise financeira, uma guerra européa, uma quebra importante, um abalo qualquer de credito, e eis por terra um edificio assombroso e complicado que parecia dever resistir ao embate de todas as tempestades, e que um sôpro logra alluir!
Ora, se isto tem relação com as grandes fortunas, se nem ellas podem contar com o dia de ámanhã, que