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MULHERES E CREANÇAS

n’essa lucta desigual só consigam tornar bem visivel e bem grotesca a sua derrota!

São as mulheres que consideram os prazeres mundanos como o indispensavel elemento para a sua completa felicidade.

São ellas que arrancam ás primeiras necessidades do ménage, á carne que os filhos devem comer, ás roupas brancas da familia, aos abafos do inverno, á lenha do fogão das noutes frias, á mobilia commoda e confortavel das casas, ao peculio das doenças, ao asseio e ao conforto domestico, o dinheiro com que adquirem esse luxo ridiculo, esse luxo de pacotille que não illude, nem excita a commiseração de ninguem.

E quando ellas percebem no olhar e na bôcca dos que assistem a essa lucta absurda, um sorriso malicioso, uma faisca de ironico desdem, são ellas que irritadas, desvairadas, fóra de si, arrastam o marido á extravagancia, á dissipação, á prodigalidade, ao crime, e arrastam os filhos á miseria e á desolação!

Nada mais funebre, mais triste, mais sombrio do que o interior de uma d’essas casas, em que o necessario é sacrificado ao superfluo, em que o real é sacrificado ás apparencias, em que o conforto intimo é sacrificado ao apparato exterior.

As criadas sujas, despenteadas, petulantes; as