Página:Mulheres e creanças.djvu/68

Wikisource, a biblioteca livre
62
MULHERES E CREANÇAS

Exemplifiquemos, para que melhor seja comprehendido o nosso raciocinio.

No que toca ao primeiro ponto, lancemos em roda os olhos e vejamos. Por toda a parte encontraremos argumentos victoriosos.

No estado presente da educação a mulher está sujeita a uma funesta dependencia, a qual mesmo sem tendencia para exagerações declamatorias, se póde chamar escravidão.

Assim como descuram dar ao seu corpo por meio da gymnastica a força, a elasticidade, a ligeireza, o vigor, assim descuram dar á sua alma a energia, que a torne superior aos preconceitos, e ao seu espirito a forte e larga educação, que a habilite para ganhar honestamente a sua modesta subsistencia.

Sente-se fraca, e pusillanime diante do trabalho, diante das luctas, diante da desgraça.

Confessa a cada instante o medo pueril que a avassalla; medo de não resistir ás tentações que a covardia dos homens arma á insensatez da mulher; medo do riso alvar com que os tolos lhe castigariam a viril energia; medo de se sujeitar ao trabalho incansavel e tenaz que ha de dar-lhe a independencia, a dignidade, a livre posse do seu destino.

Além do medo a impossibilidade absoluta.

Se nada sabe, o que ha de ella fazer?