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MULHERES E CREANÇAS

bramido dos seus mares, a influencia calmante das suas noites tepidas!

Acolherá a natureza aquella que tantos e tantos annos a desconheceu? Não.

E não é que ella seja implacavel ou severa, não é que ella saiba sequer das mesquinhas miserias que se agitam no seu seio. É porque não é na velhice que a alma póde iniciar-se n’um culto novo.

É que para tudo é indispensavel uma aprendizagem gradual, é que a vasta creação só tem consolos tranquillisadores, caricias adormecedoras, para os velhos, quando teve para os moços sonhos, sorrisos, radiosas esperanças.

É que a alma, que ao desabrochar não soube ser sensivel á enternecedora poesia das cousas, nunca saberá entender na hora triste do declinar, a sua ineffavel e divina linguagem! é que os longos horisontes de purpura e de ouro sabem vestir de bemditas claridades a alma dos velhos, quando os velhos se recordam, e vêem docemente descer a noute cheia de estrellas e de harmonias mysteriosas sobre uma vida que teve por companheiros o trabalho, o amor puro, o sacrificio, a abnegação!

Resta apenas como pasto e alimento a estas almas que andaram em busca da felicidade por toda a parte, menos no lugar tão proximo e tão accessivel,