Página:Nenê (transcrito).pdf/2

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UNICO,titulo mais tarde mudado para CONTO DO NATAL. Ninguem entendeu o primeiro titulo. Sem conhecer as teorias economicas de Henry George, impossivel. Queria dizer que no dia em que houvee no mundo o "imposto unicos", isto é, só sobre a terra, cenas como a descritas se tornam impossiveis.O menino fôra castigado pela iniquidade dos regimes fiscais de hoje,que fazem os impostos incidirem soore a produção, ou o trabalho. No regime georgista o imposto só cai sobre a terra, e de forma nenhuma sobre o trabalho. o menino foi castigado pelo imposto porque estava trabalhando, ou tentando trabalhar.)


Joãozinho pegou da peneira de tia Joaquina e foi mariscar no ribeirão do pasto. Arregaçou a calça, um palmo acima do joelho, e entrou n'agua. Sua irmãzinha Nenê foi com ele, levando uma lata para pôr os peixes. O ribeirão era raso,de aguas muito claras.Viam-se no fundo a areia alva e as pedrinhas redondas. Guarús em quantidade nadavam de todos os lados,e quando caia n'agua algum cisquinho,corriam todos para ver se era alguma coisa de comer. Camarão não se via nenhum. Andavam sempre escondidos nos capins da beira,e como são transparentes é dificil enxerga-los. Joãozinho entrou na agua e mergulhou a peneira.Não saiu nem um peixe,só um baratão e mais um bicho feio,cheio de pernas esquisitas. Jogou para o capim o baratão e mergulhou a peneira em outro lugar. Agora sim,saiu