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Página:Noções elementares de archeologia.djvu/17

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um museu, que seu pae augmentou com varios cippos, lapidas e fragmentos d'archeologia romana, descobertos no Alemtejo. Foi este o primeiro museu, que se creou n'este reino, e creio que precedeu a todos os que se crearam na Europa.

Todavia, apezar d'este estimulo, o estudo d'antiguidades só teve principio entre nós passado um seculo; e foi de fóra que então nos veio o incentivo.

Graças ás intimas relações do nosso paiz com as principaes potencias maritimas da Europa, desde a entrada do seculo XVI, estabelecidas pelos descobrimentos e conquistas dos portuguezes, que fizeram de Lisboa o emporio das mercadorias do Oriente, o movimento scientifico, que lavrava n'aquellas nações, não se demorava muito em se fazer sentir entre nós. Porém no caso de que trato abreviou esse periodo, sem duvida, a viagem de um nosso compatriota, que alcançou nas letras nome illustre. André de Rezende, depois de ter cursado a universidade de Salamanca, e de ter tomado capello em theologia, levado do desejo de se instruir, percorreu a França e os Paizes Baixos, demorando-se em Paris e em Bruxellas. O trato que teve n'estas cidades com alguns sabios, suscitou-lhe o amor dos estudos archeologicos. Regressando á patria entregou-se com ardor e perseverança a esses estudos, colligindo alguns cippos e outras lapidas com inscripções romanas, que collocou no jardim da casa em que habitava na cidade d'Evora, investigando e decifrando um grande numero de monumentos epigraphicos do nosso paiz, e compondo por fim varias obras, em que dava conta d'essas locubrações predilectas. Duas viram a luz da imprensa, com o titulo de: Historia das antiguidades d'Evora, publicada em 1553; e Libri quatuor de antiquitatibus Lusitàniæ, impressa em 1593, vinte annos depois da sua morte. D'entre as que