dispersas e desprezadas, attestando ignorancia e incuria.
Em Portugal nunca se pensara n'este ramo de instrucção, posto que em alvará de 14 de agosto de 1721 se ordenasse que se fossem colligindo as informações indispensaveis e se adquirissem objectos antigos, que facilitassem o estudo da archeologia, porém ficou em letra morta; e tanto assim que só em 1864 se organisou o primeiro museu archeologico, por iniciativa da pessoa que escreve estas linhas, fazendo o governo para esse fim a concessão das ruinas da monumental egreja gothica do Carmo, de Lisboa, onde tambem depois estabelecemos em annos successivos um curso ácerca da historia geral da architectura.
Como quer que seja, a sciencia da archeologia não fôra cultivada entre nós methodicamente, e por isso não deve estranhar-se que não apparecesse até hoje, em Portugal, alguma obra elementar que auxiliasse o seu estudo. Para supprir tal falta, ousamos nós mandar imprimir um resumido trabalho, que comprehende a descripção dos objectos antigos, desde a edade de pedra até ao seculo XVII, tomando para norma a notavel obra do sr. de Caumont, o qual, além de distinguir-nos com a sua apreciavel amisade, nos auctorisou a servirmo-nos dos seus admiraveis trabalhos; e já que nos é licito honrar-lhe aqui a memoria gloriosa, sejam estas paginas consagradas ao illustre fundador da sciencia archeologica em França, como levantado a um dos testemunhos da nossa veneração.
No volume, que vamos publicar, e cujos fundamentos lançámos haverá sete annos, estão illustrados corn gravuras numerosas, mais de 300 no texto, as passagens em que se tornava indispensavel esse meio de observação; seguindo, quanto possivel, a obra do sr. de Caumont, como já indicámos, procuramos ao mesmo tempo amplial-a com as explicações