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Página:Novellas extraordinarias.pdf/214

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NOVELLAS EXTRAORDINARIAS

mento das vistas do Destino e do escaravelho...

— Meu caro Legrand, exclamei eu interrompendo-o, tu não estás bom; é preciso que tomes algumas precauções. Vae metter-te na cama; prometto ficar ao pé de ti até ficares restabelecido. Tens febre e...

— Toma-me o pulso, disse elle.

Tomei-lhe o pulso e effectivamente não achei o menor symptoma de febre.

— Mas, meu amigo, póde-se estar doente sem ter febre. Dá-me licença de fazer de medico por um momento, Antes de tudo vae metter-te na cama. Depois...

— Enganas-te, interrompeu elle. Estou bem, tão bem como se pode estar no estado de excitação em que me acho. Se queres vêr-me completamente bom, ajuda-me a acalmar esta excitação.

— E que é preciso fazer para isso?

— Ouve. Jupiter e eu vamos partir para uma expedição ás collinas, no continente, e temos necessidade do auxilio de uma pessoa de absoluta confiança. Essa pessoa não pode ser senão tu. Vem, pois; quer a nossa empresa tenha bom ou mau resultado, a excitação em que me vês agora passará immediatamente.

— O meu desejo é servir-te em tudo, repliquei eu; mas dize-me. Este infernal escaravelho tem alguma relação com a tua viagem ás collinas?

— Sim, decerto.

— Então, Legrand, é-me impossivel cooperar n'uma empresa tão absurda.

— Tenho pena, muita pena. Mas visto isso, faremos sósinhos o que temos a fazer.

— Sósinhos! Ah! o desgraçado está doido, com toda a certeza! Mas, vejamos, quanto tempo andarás por fóra?

— Provavelmente toda a noite. Partiremos immediatamente e estaremos de volta ao nascer do sol.