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WILLIAM WILSON





Imaginae por um momento que me chamo William Wilson. O meu nome verdadeiro não deve manchar a pagina virgem que tenho deante dos olhos. De mais, tem elle sido o horror e a abominação do mundo, a vergonha e o opprobrio de minha familia! Não terão os ventos indignados levado a sua infamia imcomparavel até ás regiões mais longinquas do globo?

Oh! Sou o mais abandonado de todos os proscriptos! O mundo, as suas honras, as suas flores, as suas aspirações douradas, tudo acabou para mim! E entre as minhas esperanças e o céo, paira eternamente uma nuvem espessa, lugubre, illimitada!

Ainda que pudesse, não quereria encerrar n'estas paginas todas as lembranças dos meus ultimos annos de miseria e de crime irremissivel. Esse periodo recente da minha vida attingiu, de repente, taes dimensões de torpeza que seria tão horrendo como difficil descrevel-o. O que quero, é simplesmente determinar a origem d'esse subito desenvolvimento de perversidade. Os homens, em geral, corrompem-se gradualmente; mas de mim a virtude desligou-se n'um momento, d'uma vez, como se fôra um manto. D'uma perversidade