Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/87

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— S. Carlos, na terça-feira.
— Ah!... iludiu a expectativa. Nenhum dos cantores estava em voz, a não ser o Mongini. Os coros desafinados. E então a comparsaria muito fora da ordem.
— É verdade, é verdade!
— Lembras-te, no 2.° acto, aquelas três coristas que entraram antes de tempo, a saracotearem-se, todas pândegas, como se viessem fazendo uma grande figura?
— Tal qual!... Eu até disse para o Pego, o meu grande companheiro de boémia: olha, lá vêm a «marquesa de Almada, a condessa dos Camarões e a Pavoa»!

E radiante por ter feito tanto a pêlo esta graciosa referência à trindade mais canalhamente em voga do mundanismo lisboeta, Xavier da Câmara deixou o barão com Alípio e aproximou-se de Inácio Miguéis, que sabia embirrava soberanamente com ele, para o arreliar. —

Meu caro Miguéis, então já sabe?... Vamos ter aumento de direitos sobre a importação das fazendas estrangeiras. E é muito bem entendido!
— Aumento!?... Oh! meu Deus! Onde irá isto parar? — exclamou num desabafo de pacóvia indignação o antigo negociante, que se tinha associado recentemente a duas das casas mais fortes de panos da Baixa. — Daqui a pouco, não há quem possa sustentar aberta uma loja de mercador!
— Quebram todos?... Muito bem feito! Não tenho pena nenhuma. — E, com um olho insidioso: — Eles sabem quebrar a tempo...

Logo o oleoso burguês, com a calva rubra, formalizado: