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Página:O Conde Lopo.pdf/104

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III

De infrene inspiração a voz ardente
Como o galope do corcel da Ukrania
Em corrente febril que alaga o peito
A quem não rouba o coração — ao ler-te?
Foste Ariosto no correr dos versos,
Foste Dante no canto tenebroso,
Camões no amor e Tasso na doçura,
Foste poeta, Byron!
Foi-te a imaginação rápida nuvem
Que arrasta o vento no rugir medonho —
Foi-te a alma uma caudal a despenhar-se
Das rochas negras em mugido immenso.
Leste no seio, ao coração, o inferno,
Como teu Manfred desfraldando á noite
O escurecido véo. — E ríste, Byron,
Que do mundo o fingir merece apenas
Negro sarcasmo em lábios de poeta.
Foste poeta, Byron!

IV

A ti meu canto pois — cantor das magoas
De profunda agonia ! — a ti meus hymnoB,
Poeta da tormenta — alma dormida
Ao som do uivar das feras do oceano,
Bardo sublime das Britanias brumas!