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Página:O Conde Lopo.pdf/18

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de Pariz », emfim, ora clara e bella como as vidraças multicôres das ogivas rendadas, ora ligeira como as columnas delgadas de mármore branco, ora sonora e ruidosa, alegre e bacchante, ebria de orgias como esse monge entalhado no portal da cathedral de Mayença; ora voluptuosa e lasciva como os beijos da Cigana desatada nos braços de Phebo na taverna das bordas do Sena — mas no meio dessas flores, desses cantos de orgia, desse frêmito de beijos em lábios soffregos — desse anciar de collos apertados — lá surde torva como uma djin na crença oriental — como uma serpente junto da mangueira onde descantão as aves, como a fera de olhos de fogo junto da relva onde dorme a creança perdida, essa sublime e medonha figura de monge, esse homem cuja historia, cuja crença, cuja esperança — era uma palavra — Cláudio Frollo!...

Se ha poeta francez a que votemos decidida affeição por suas obras, a quem rendamos dos fundos d'alma culto como é de render-se ao gênio — é esse mancebo louro, de olhos límpidos e azues, sonhador de pesadellos onde sorri satânico e infernal sempre na fórma incarnada de gênio do mal — quer seja Han d'Islandia o bebedor de sangue e água do mar, ou Habibrah o anão, ou Triboulet o bufão, em opposição a essas cândidas creaturas de Esmeralda e Branca, Ethel e Maria Neuburg.