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Página:O Conde Lopo.pdf/39

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Era um grosso caderno. As toscas linhas
Erão versos. — Nem titulo escrevera
Na frente ao livro seu cantor ignoto. —
Nem seu nome sequer ! — Muita leitura
Mostravão nodoas que imprimirão nelle
As mãos sujas do louco. — A lettra ás vezes
Embranquecida descorarão gottas
De copiosas lagrimas. O morto
Talvez gravasse ahi idéas caras
Do passado da vida ! Fosse embora
Qual a razão — as lagrimas cahidas
Nas folhas do papel vi-as no livro.

VII

Foi-me insana tarefa o decifral-as
As mal escriptas linhas. — Parecia
Que se esmerara por fazer difficil
Sua leitura o author. — Algumas vezes
Substitui versos meus a linhas delle
Que eu não soubera traduzir. — Comtudo,
Por querel-o não fiz — e a muitas outras
Embora achasse mal torneado o verso
E solto o estylo em liberdade extrema,
Não quiz levar-lhes minha mão profana
Dos sonhos delle ás expressões selvagens
De inspiração febril. Puz-lhe igual titulo —
Do Conde Lopo o nome : o heróe do canto
O confessava o trovador anonymo.