OUVERTURA
(SYMPHONIA)
Tremem as folhas no correr da aragem
Com seus perfumes enlevando magoas,
E á noite bella sonharei cantando
Como o cysne das águas.
Cala-te, louco bardo ! é doce a vida !
— E em que delírios d'alma imagináras
Um céo mais límpido, um luar mais puro ?...
Poeta, onde os sonháras ?
Que visão bella de ennevoadas fôrmas,
De romântica face entristecida
Que valha o riso que perfuma os lábios
Do meu anjo da vida ?
De loucos sonhos que ternuras ébrias
Que valhão-lhe o tremor do níveo seio
E o amortecido olhar, humido, languido
De feiticeiro enleio ?