Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/235

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— Eu ia para o cartório, até já ia na escada... Haviam de ser nove horas...

— Haviam de ser... - disse ela.

Calaram-se, muito perturbados. Ele então tomou-lhe delicadamente os pulsos, e baixo:

— Então sempre quer?

— Quero, murmurou Amélia.

— E o mais depressa possível, hem?

— Pois sim...

Ele suspirou, muito feliz.

— Havemos de nos dar muito bem, havemos de nos dar muito bem, dizia. E as suas mãos, com pressões temas, iam-se apoderando dos braços dela, dos pulsos aos cotovelos.

— A mamã diz que podemos viver juntos, disse ela, esforçando-se por falar tranquilamente.

— Está claro, e eu vou mandar fazer lençóis, acudiu ele, todo alterado.

Atraiu-a então a si, subitamente, beijou-lhe os lábios; ela teve um soluçozinho, abandonou-se-lhe entre os braços, toda fraca, toda lânguida.

— Oh filha! murmurava o escrevente.

Mas os sapatos da mãe rangeram na escada, e Amélia foi vivamente para o aparador acender o candeeiro.

A S. Joaneira parou à porta; e para dar a sua primeira aprovação maternal, disse, com bonomia:

— Então vocês estão aqui às escuras, filhos?

Foi o cônego Dias que participou ao padre Amaro o casamento de Amélia, uma manhã na Sé. Falou no a propósito do enlace, e acrescentou:

— Eu estimo, porque é a contento da rapariga, e é um descanso para a pobre velha...