Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/378

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murmurando para Amélia com a cara franzida de riso:

— Ai, que gostinho vê-los! Ai, que santos!

Amaro continuava, com gesto alto:

— E além disso, tenho por mim o bom senso, padre-mestre. Primo, a rubrica, como expus. Segundo, o sacerdote, tendo na sacristia o barrete na cabeça, não deve fazer cortesia inteira, porque lhe pode cair o barrete e temos desacato maior. Tertio, seguir-se-ia um absurdo, porque então a cortesia antes da missa à cruz da sacristia seria maior que a que se faz depois da missa à cruz do altar!

— Mas a cortesia à cruz do altar... bradou o cônego.

— É meia cortesia. Leia a rubrica: Caput inclinat. Leia Gavantus, leia Garriffaldi. E nem podia deixar de ser assim! Sabe por quê? Porque depois da missa o sacerdote está no auge da dignidade, uma vez que tem dentro em si o corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Logo, o ponto é meu!

E de pé, esfregou vivamente as mãos, triunfando.

O cônego abatera a papeira sobre as pregas do guardanapo, como um boi atordoado. E depois dum momento:

— Você não deixa de ter razão... Eu fui para o ouvir... Faz-me honra cá o discípulo, acrescentou piscando o olho a Amélia. Pois é beber, é beber! E depois salta o cafezinho bem quente, mana Josefa!

Mas um forte repique à campainha sobressaltou-os.