E, por conselho da tia, Amaro, logo que meteu o seu requerimento, foi uma manhã a casa da Sra. condessa de Ribamar, a Buenos Aires. Á porta um coupé esperava.
— A senhora condessa vai sair, disse um criado de gravata branca e quinzena de alpaca, encostado à ombreira do pátio, de cigarro na boca.
Nesse momento, duma porta de batentes de baeta verde, sobre um degrau de pedra, ao fundo do pátio lajeado, uma senhora saía, vestida de claro. Era alta, magra, loura, com pequeninos cabelos frisados sobre a testa, lunetas de ouro num nariz comprido e agudo, e no queixo um sinalzinho de cabelos claros.
— A senhora condessa já me não conhece? disse Amaro com o chapéu na mão, adiantando-se curvado. Sou o Amaro.
— O Amaro? — disse ela, como estranha ao nome. Ah! bom Jesus, quem ele é! Ora não há! Está um homem. Quem diria!
Amaro sorria-se.
— Eu podia lá esperar! continuou ela admirada. E está agora em Lisboa?
Amaro contou a sua nomeação para Feirão, a pobreza da paróquia...
— De maneira que vim requerer, senhora condessa.
Ela escutava-o com as mãos apoiadas numa alta sombrinha de seda clara, e Amaro sentia vir dela um perfume de pó-de-arroz e uma frescura de cambraias.
— Pois deixe estar, disse ela, fique descansado. Meu marido há-de falar. Eu me encarrego disso. Olhe, venha por cá. — E com o dedo