uma égua à estalagem do Cruz; e daí a pouco, de espora no pé esquerdo, choutava a direito pelo caminho da Barrosa.
Ao chegar ao córrego, de que lhe falara a Dionísia, apeou, foi andando com a égua pela arreata. A tarde estava admirável; muito alto no azul, uma grande ave fazia semicírculos vagarosos.
Encontrou enfim o poço atulhado ao pé de dois castanheiros onde pássaros ainda chilreavam; adiante, num terreno plano, muito isolada, lá estava a casa com o seu alpendre; o sol declinando batia-lhe na única janela do lado, acendendo-a num resplendor de ouro e brasa; e, muito delgado, elevava-se da chaminé um fumo claro no ar sereno.
Uma grande paz estendia-se em redor; no monte, escuro da rama dos pinheiros baixos, a capelinha da Barrosa punha a alvura alegre da sua parede muito caiada.
Amaro ia imaginando então a figura da tecedeira; sem saber por quê, supunha-a muito alta, com um carão trigueiro onde dois olhos de bruxa refulgiam.
Defronte da casa prendeu a égua à cancela, e olhou pela porta aberta: era uma cozinha térrea, de grande lareira, com saída para o pátio estradado de mato onde dois bacorinhos fossavam. Na prateleira da chaminé rebrilhava a louça branca. Dos lados pendiam grandes caçarolas de cobre, dum lustro de casa rica. Num velho armário meio aberto branquejavam pilhas de roupa: e havia tanta ordem que uma claridade parecia sair do asseio e do arranjo das coisas.
Amaro então bateu forte as palmas. Uma rola