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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/604

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— Nem me fale nisso, que me tem dado um desgosto... Ontem mesmo, duas horas depois de ter chegado... O pobre anjinho começa a fazer-se roxo, e ali me morreu debaixo dos olhos...

— Mente! gritou Amaro. Quero ver.

— Entre, senhor, se quer ver.

— Mas que lhe disse eu ontem, mulher?

— Que quer, senhor? Morreu. Veja...

Tinha aberto a porta, muito simplesmente, sem cólera nem receio. Amaro entreviu num relance, ao pé da chaminé, um berço coberto com um saiote escarlate.

Sem uma palavra voltou as costas, atirou-se para cima do cavalo. Mas a mulher, muito loquaz subitamente, rompeu a dizer que tinha ido justamente à aldeia para encomendar um caixãozinho decente... Como vira que era filho de pessoa de bem, não o quisera enterrar embrulhado num trapo. Mas enfim, como o senhor ali estava, parecia-lhe razoável que desse algum dinheiro para a despesa... Uns dois mil-réis que fossem.

Amaro considerou-a um momento com um desejo brutal de a esganar; por fim meteu-lhe o dinheiro na mão. E ia trotando no carreiro, quando a sentiu ainda correndo, gritando pst! pst! A Carlota queria-lhe restituir o capote que ele emprestara na véspera: tinha feito muito bom serviço, que a criança chegara quente como um rojãozinho... Infelizmente...

Amaro já a não escutava, esporeando furiosamente a ilharga da cavalgadura.

Na cidade, depois de apear à porta do Cruz, não entrou em casa. Foi direito ao paço do bispo. Tinha agora uma idéia só: era deixar aquela