Página:O Garimpeiro do Rio das Garças.pdf/18

Wikisource, a biblioteca livre
MONTEIRO LOBATO
18

E ali ficaria toda a vida, sem poder safar-se, se o inteligente Joli não viesse em seu auxílio.

Joli rodeou o tronco, apanhou a ponta da corda, deu várias voltas para um lado e para outro e por fim conseguiu desatar o nó.

João Nariz sentiu que o laço ia afrouxando; de repente a corda afrouxou de todo e ele degringolou da árvore abaixo.

Estava sem sorte o pobre homem. Caiu bem em cima do bico da picareta, o que fez atroar os ares com um berro de dor.

Mas enfim achou-se livre da entaladela; e embora espetado e sem o seu rico diamante, estava vivo e são, o que até lhe parecia incrível.

— Nem acredito! — murmurou ele. — Cair nas unhas daqueles bandidos e conservar a vida é coisa que até parece milagre...

João remendou com um nó a calça furada pela picareta e pôs-se a refletir sobre o seu triste caso.

Que fazer? Desistir daquela pedra e procurar outra ou sair correndo atrás dos bandidos? E João ficou mais de uma hora, pensando, pensando.

Por fim, João, que não se consolava de ter perdido a sua fortuna, resolveu acompanhar o rasto dos bandidos para ver se conseguia reaver o diamante. Para isso pegou no cordel atado à cauda de Joli e açulou-o na pista dos ladrões.