Página:O Garimpeiro do Rio das Garças.pdf/22

Wikisource, a biblioteca livre
MONTEIRO LOBATO
22

Enquanto isso João Nariz ia pensando no que faria se por acaso encontrasse de novo os cangaceiros. Estava desarmado, mas havia de dar um jeito qualquer.

— Um homem de boa cabeça — murmurou de repente — nunca se aperta. Não vale a pena pensar no que fazer contra os bandidos. Primeiro que tudo tenho de descobri-los. O resto verei na hora.

E João lembrou-se de várias histórias nas quais um gênio aparece no momento oportuno e ajuda a vítima a castigar o criminoso.

Sem um canivete no bolso, e os dois bandidos além das facas da cintura ainda traziam duas enormes pistolas automáticas. João pensou, pensou.

Na furiosa carreira em que ia, João Nariz sofreu vários desastres.

Joli era pequeno, de modo que passava por qualquer vão de cerca; mas o mesmo não acontecia com o seu dono, o qual volta e meia levava trompaços e trambolhões tremendos.

Mas João não fazia caso. O que queria era reaver o diamante.

— Agüenta, corpo! — dizia ele — Agüenta firme, porque se consigo reaver o diamante você vai passar um vidão regalado.

E tropicou pelo mundo afora, numa fúria danada, como quem corre para salvar o pai da forca.