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O GARIMPEIRO DO RIO DAS GARÇAS

pinhos um por um. Ficou com a pele a arder, mas livrou-se das terríveis agulhas e pôde continuar a perseguição.

— Que leve a breca! — disse ele. — Enquanto me restar um pouco de fôlego e um pedaço de corpo, hei de perseguir os meus roubadores.

Joli espiou de novo o seu dono e deu nova risadinha, tão cômico o achou a se lamentar, com as pernas inchadas e vermelhas.

— Ria-se, ria-se — murmurou João. — Diz o ditado que melhor rirá quem se rir por último. Deixe estar, senhor Joli, que de repente acontece a você alguma e quem vai rir de rolar sou eu.

Mas foi bobagem de João. Joli era tão esperto que nunca lhe aconteceu coisa nenhuma.

Depois que João arrancou todos os espinhos espetados em suas pernas, a perseguição aos bandidos recomeçou.

Correram os dois por uma hora.

Subitamente aparece diante deles uma ponte rústica feita de paus roliços. Joli passou muito bem, porque era leve; mas o mesmo não aconteceu ao desastrado garimpeiro. Mal botou o pé na ponte, os paus gemeram, e João Nariz, num relâmpago, pensou lá consigo:

— Era o que faltava: buraco! Vou despenhar-me neste precipício e desta vez com certeza nem a minha pobre alma escapa!...

Um pau escorregou do lugar, desmantelando os outros e João Nariz afundou no abismo.