Página:O Gaucho (Volume I).djvu/198

Wikisource, a biblioteca livre

Manuel atravessou a esplanada a galope, e chegando à porta da casa, bateu com o cabo da lança. Instantes passados, apareceu na soleira um homem de baixa estatura e forte compleição, orçando pelos 50 anos. Era o Barreda; sua aparência já não conservava o menor vestígio da grave enfermidade.

O gaúcho não deu tempo a que o entrerriano o reconhecesse, nem mesmo o interrogasse.

— Tu não me conheces, Barreda. Sou Manuel Canho, filho do homem que assassinaste cobardemente. Bem sabes o que me traz aqui à tua porta, depois de doze anos.

O castelhano recuara por precaução, apenas percebera o intento do gaúcho:

— Não tenhas medo: se eu fosse um assassino como tu, há muito tempo já teria te estendido morto, antes que soltasses ai Jesus! Vim para te matar em combate, e restituir a teu coração a lança que deixaste no corpo de meu pai. Encilha o cavalo, toma as armas, e sai cá para o campo.

— Então reza o credo, que és um homem morto.

Fechou-se a porta, e o Canho, parado a uma