coronel fazendo um trocadilho com o nome castelhano de punhal.
— Desta vez, cochilou e está dormindo, que só há de acordar no dia do juízo.
— Então?...
Esta pergunta do coronel foi acompanhada de um revés da mão direita estendida, figurando o bote de uma espada.
— Nada; plantei-lhe no coração a lança que ele deixara lá em casa há doze anos.
— Conta-nos isso, rapaz. Quero ver como te saíste.
O coronel suspendeu a perna no estribo, e descansando sobre o quadril, dispôs-se a ouvir a narração do Canho.
O gaúcho referiu tudo o que passara entre Barreda e ele; mas simplesmente, sem encarecer a sua intrepidez e destreza nem desfazer no adversário. O gaúcho tinha consciência, mas não orgulho de seu valor. Para um rio-grandense, e especialmente para o filho de João Canho, ser bravo, tanto como o mais bravo, era obrigação. Não havia mérito nisso.
— Muito bem, Manuel.