Página:O Gaucho (Volume II).djvu/175

Wikisource, a biblioteca livre

no mundo. Minha vida é teu amor; tu podes matar-me com uma palavra, com um olhar, como aquele que esta noite vi em teus olhos...

— Manuel!

— Aquele homem... disse Canho com a voz surda. Desde o primeiro instante em que o avistei, tive um pressentimento de que hei de matá-lo; e nunca ofendeu-me.

— Que me importa ele? Vai descansado, Manuel; tu levas minha alma, porque eu só vivo para ti. Lembra-te que eu já te amava com paixão, quando tu nem sequer me olhavas!

Um beijo selou estas últimas palavras; e Manuel arrancou-se dos lindos braços que lhe cingiam ternamente as espáduas.

Quando ele afastava-se, viu à claridade da lua um vulto que o fitava com um só olho, pois o outro, bem como grande parte do rosto, estava coberto de parches. Essa pupila única chamejando no meio daquela máscara tinha um aspecto sinistro.

Canho reconheceu Félix; e apoderou-se dele um sentimento de compaixão por aquele infeliz. Podia ser morto o inimigo, depois que o vencera em combate; mas desonrá-lo marcando-