donaires que ao homem, como ao cavalo, dá a consciência de sua liberdade.
Do espartano, que ainda hoje nos enche de admiração com o exemplo de seu heroísmo e sobriedade, fazemos o maior elogio nesta frase — "era um cidadão livre". Daquele brioso cavalo se podia dizer da mesma forma, para exprimir com eloqüência a sua formosura e nobreza; "era um corcel livre".
Nenhum homem o escravizara jamais; nenhum se atrevera a castigá-lo; era indômito ainda como no tempo em que percorria os pampas nativos. Mas o potro selvagem tinha um amigo, quase um pai, a quem o ligara um profundo sentimento de gratidão. E daí sem dúvida lhe provinha a altivez e majestade que ressumbrava em seu porte.
O contato de nossa raça desvanece no animal o espanto selvagem que sente ainda o mais intrépido na presença do rei da criação. A amizade do homem inspira, sobretudo ao cavalo, uma emulação generosa, um heroísmo admirável. O Bucéfalo de Alexandre, o Morzelo de César, e o Orélia do rei D. Rodrigo, foram dignos dos heróis a quem serviram.