O espírito de Manuel sentia naquele momento a necessidade de cavalgar o tufão como a um corcel bravio, e precipitar-se com ele pelo espaço, arrasando tudo em sua passagem e matando em sua alma a sede horrível que sentia de mortes, desastres e catástrofes.
Quando ia montar na baia, outra vez o prendeu a mão de Catita que se precipitara com veemência e esforçava para retê-lo. Mas repelindo-a com rudeza, saltou ele no lombo da Morena que desapareceu como a folha arrebatada pelo sopro do pampeiro.
Levado pela corrida veloz, Manuel sentiu no peito uma constrição que em seu desvario lhe pareceu de uma tenaz ardente. Catita se lançara na garupa da Morena no momento de partir; era sua mão delicada que lhe esmagava o coração.
Sem forças para desprender-se daquela cadeia, queimando-se ao tépido contato do talhe voluptuoso da moça que estreitava-se com ele, o gaúcho soltou um bramido, como se chamasse em socorro seu o pampeiro, e precipitou-se numa corrida louca e esvairada, cuidando fugir assim ao tormento.