A emoção e curiosidade tocavam agora o auge; com um cinco, o Chico bateria pacau. Todos os olhos estavam presos no branco da carta, que subia lentamente espremida pelos dedos convulsos do jogador. Ninguém respirava; quanto à Missé e o amante, pareciam assombrados.
— Envido! acudiu Manuel rindo.
O Chico abaixou as cartas, e esperou um momento. Não havendo quem aceitasse o envite, continuou a filar o ponto com a mesma lentidão. De vez em quando parava, tolhido pela emoção; até que afinal levantou-se dum ímpeto, como impelido por súbita explosão; entanto o peito arquejante respirava estrepitosamente soltando, ou antes, aspirando uma palavra, que soltara-se de todos os lábios.
— Pintou!
Com efeito aí estavam espalhadas na mesa as três cartas, o valete, o quatro e o cinco de ouros que faziam nove. O Chico tinha batido pacau, e tiritava de prazer. Abraçado com a Missé começaram ambos a sapatear um passo de tatu, chorando como duas crianças, tanta era a alegria. Os outros companheiros contemplavam enternecidos aquela cena.