Página:O Guarani.djvu/167

Wikisource, a biblioteca livre

—Que espereis, vos digo eu, atalhou Bento Simões, ides numa batida... Onde nos pretendeis levar nesta marcha?

—Vereis.

—Já que não há meio de vos sacar mais palavra, segui com Deus, misser Loredano.

—Sim, acudiu Rui Soeiro, segui; que nós tornamos por onde viemos.

—Quando estiverdes de vez para falar, nos avisareis.

E os dois aventureiros pararam dispostos a retroceder; o italiano voltou-se com um gesto de desprezo.

—Parvos que sois! disse ele. Se vos parece, revoltai-vos agora que estais em meu poder, e que não tendes outro remédio senão seguir a minha fortuna! Voltai!... Também eu voltarei; mas para denunciar-vos a todos.

Os dois aventureiros empalideceram.

—Não me façais lembrar, Loredano, disse Rui Soeiro abaixando um olhar rápido para o punhal, que há um meio de fechar para sempre as bocas que se obstinam a falar.

—Isto quer dizer, replicou o italiano desdenhosamente, que me mataríeis no caso de que eu vos quisesse denunciar?