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Página:O Guarani.djvu/169

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de longe, até mesmo da campa, denunciar-vos e vingar-me.

—Quereis gracejar, misser italiano? A ocasião não é azada.

—A seu tempo vereis se gracejo. Tenho na mão de D. Antônio de Mariz o meu testamento, que ele deve abrir quando me saiba ou me julgue morto. Nesse testamento conto as relações que existem entre nós, e o fim para que trabalhamos.

Os dois aventureiros tornaram-se lívidos como espetros.

—Compreendeis agora, disse Loredano sorrindo, que se me assassinardes, se um acidente qualquer me privar da vida, se me der na cabeça mesmo fugir e fazer supor que morri, estais perdidos irremediavelmente.

Bento Simões ficou paralisado como se uma catalepsia o tivesse fulminado. Rui Soeiro, apesar do violento abalo que sentia, conseguiu com um esforço recobrar a palavra.

—É impossível!... gritou ele. Isso que dizeis é falso. Não há homem que o fizesse.

—Ponde à prova! respondeu o italiano calmo e impassível.