lhe a mão com gesto nobre e afável; o índio curvou-se e beijou a mão do fidalgo.
—De que nação és? perguntou-lhe o cavalheiro em guarani.
—Goitacá, respondeu o selvagem erguendo a cabeça com altivez.
—Como te chamas?
—Peri, filho de Ararê, primeiro de sua tribo.
—Eu, sou um fidalgo português, um branco inimigo de tua raça, conquistador de tua terra; mas tu salvaste minha filha; ofereço-te a minha amizade.
—Peri aceita; tu já eras amigo.
—Como assim? perguntou D. Antônio admirado.
—Ouve.
O índio começou, na sua linguagem tão rica e poética, com a doce pronúncia que parecia ter aprendido das auras da sua terra ou das aves das florestas virgens, esta simples narração:
"Era o tempo das árvores de ouro.
"A terra cobriu o corpo de Ararê, e as suas armas; menos o seu arco de guerra.