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Página:O Guarani.djvu/239

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olhar de ameaça, em que se revelava a ferocidade do tigre que defende os seus cachorrinhos.

— Mãe, não ofende a senhora; Peri morreria, e na última hora não se lembraria de ti.

Os dois ficaram algum tempo em silêncio.

— Tua mãe fica! disse a índia com um acento de resolução.

— E quem será a mãe da tribo? Quem guardará a cabana de Peri? Quem contará aos pequenos as guerras de Ararê, forte entre os mais fortes? Quem dirá quantas vezes a nação Goitacá levou o fogo à taba dos brancos e venceu os homens do raio? Quem há de preparar os vinhos e as bebidas para os guerreiros, e ensinar aos filhos os costumes dos velhos?

Peri preferiu estas palavras com a exaltação, que despertavam nele as reminiscências de sua vida selvagem; a índia ficou pensativa e respondeu:

— Tua mãe volta; vai te esperar na porta da cabana, à sombra do jambeiro; se a flor do jambo vier sem Peri, tua mãe não verá os frutos da árvore.

A índia pousou as mãos sobre os ombros de seu filho, e encostou a fronte na fronte dele; durante um momento as lágrimas que saltavam dos olhos de ambos, se confundiram.