— Me perdoareis?
— Sim! Mas por quê?
— Porque...
Isabel pronunciou esta palavra numa espécie de delírio; uma revolução súbita se tinha operado em toda a sua organização.
O amor profundo, veemente, que dormia no íntimo de sua alma, a paixão abafada e reprimida, por tanto tempo, acordara, e quebrando as cadeias que a retinham, erguia-se impetuosa e indomável.
O simples contato das mãos do moço tinha causado essa revolução; a menina tímida ia transformar-se na mulher apaixonada: o amor ia transbordar do coração como a torrente caudalosa do leito profundo.
As faces se abrasaram; o seio dilatou-se: o olhar envolveu o moço, ajoelhado a seus pés, em fluidos luminosos; a boca entreaberta parecia esperar, para pronunciá-la, a palavra que sua alma devia trazer aos lábios.
Álvaro fascinado a admirava; nunca a vira tão bela; o moreno suave do rosto e do colo da moça iluminava-se de reflexos doces e tinha ondulações tão suaves, que o pensamento ia, sem querer, enlear-se nas curvas