Página:O Guarani.djvu/334

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com que me tratam fez-me desprezar a outra.

— Pobre moça! murmurou Álvaro lembrando-se segunda vez das palavras de D. Antônio de Mariz.

— Assim isolada no meio de todos, alimentando apenas o sentimento amargo que minha mãe deixara no meu coração, sentia a necessidade de amar alguma coisa. Não se pode viver somente de ódio e desprezo!...

— Tendes razão, Isabel.

— Inda bem que me aprovais. Precisava amar; precisava de uma afeição que me prendesse à vida. Não sei como, não sei quando, comecei a amar-vos; mas em silêncio, no fundo de minha alma.

A moça embebeu um olhar nos olhos de Álvaro.

— Isto me bastava. Quando vos tinha olhado horas e horas, sem que o percebêsseis, julgava-me feliz; recolhia-me com a minha doce imagem, e conversava com ela, ou adormecia sonhando bem lindos sonhos.

O cavalheiro sentia-se perturbado; mas não ousava interromper a Isabel.

— Não sabeis que segredos tem esse amor que