Página:O Guarani.djvu/380

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tempo, por vinte dias, mesmo por um mês; mas por fim teremos de sucumbir.

— Então?... exclamou D. Diogo pálido.

— Então se meu filho D. Diogo, em vez de ficar nesta casa por uma obstinação imprudente, tiver ido ao Rio de Janeiro, e pedido o auxilio que fidalgos portugueses não lhe recusarão decerto, poderá voar em socorro de seu pai, e chegar com tempo para defender sua família. Então verá que esta glória de ser o salvador de sua casa vale bem a honra de um perigo inútil.

D. Diogo deitou o joelho em terra, e beijou com ternura a mão do fidalgo:

— Perdão, meu pai, por não vos ter compreendido. Eu devia adivinhar que D. Antônio de Mariz não pode querer para o filho senão o que é digno do pai.

— Vamos, D. Diogo, não há tempo a perder. Lembrai-vos que uma hora, um minuto de tardança talvez tenha de ser contado ansiosamente por aqueles que vão esperar-vos.

— Parto neste instante, disse o cavalheiro dirigindo-se à porta.

— Tomai; esta carta é para Martim de Sá, governador desta capitania; esta outra é para meu cunhado e vosso tio Crispim Tenreiro, valente