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Página:O Guarani.djvu/40

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— Sabeis uma cousa, Sr. Loredano?

— Saberei, cavalheiro, se me fizerdes a honra de dizel-o.

— Está me parecendo que a vossa habilidade de observador levou-vos muito longe, e que estais fazendo nem mais nem menos do que o officio de espião.

O aventureiro ergueo a cabeça com um gesto altivo, levando a mão ao cabo de uma larga adaga que trazia à ilharga: no mesmo instante porém dominou este movimento, e voltou á sua bonhomia habitual.

— Quereis gracejar, senhor cavalheiro?...

— Enganais-vos, disse o moço picando o seu cavallo e encostando-se ao italiano, fallo-vos seriamente; sois um infame espião! Mas juro, por Deus, que à primeira palavra que proferirdes, esmago-vos a cabeça como a uma cobra venenosa.

A physionomia de Loredano não se alterou, e conservou a mesma impassibilidade; apenas o seu ar de indifferença e sarcasmo desappareceo sob a expressão de energia e maldade que lhe accentuou os traços vigorosos.

Fitando um olhar duro sobre o cavalleiro, e apertando-lhe o braço, respondeo: