Álvaro trajava um gibão de lã forrado de escarlate; quando ele apareceu no vão da porta, Isabel soltou um grito fraco e correu para ele.
— Estais ferido? perguntou a moça com ansiedade, e tomando-lhe as mãos.
— Não; respondeu o moço admirado.
— Ah!... exclamou Isabel respirando.
Tinha-se iludido; o rasgão que uma flecha fizera sobre o ombro mostrando o forro escarlate do gibão, tinha de repente lhe parecido uma ferida.
Álvaro procurou desprender suas mãos das mãos de Isabel, mas a moca suplicando-o com o olhar e arrastando-o docemente, levou-o até o lugar onde estava há pouco, e obrigou o cavalheiro a sentar-se junto dela.
Muitos acontecimentos se tinham passado entre eles nestes dois dias; há circunstâncias em que os sentimentos marcham com uma rapidez extraordinária, e devoram meses e anos num só minuto.
Reunidos nesta sala pela necessidade extrema do perigo, vendo-se a cada momento, trocando ora uma palavra, ora um olhar, sentindo-se enfim perto um do outro, esses dois corações, se não se amavam, compreendiam-se ao menos.