dar durante as horas mortas da noite.
Quando o sol desapareceu no horizonte e a luz do crepúsculo cedeu às trevas que envolviam a terra, Peri dirigiu-se à sala.
Aires Gomes, sempre infatigável, guardava a porta do gabinete; D. Antônio de Mariz estava recostado na sua cadeira de espaldar; e Cecília, sentada sobre seus joelhos, recusava beber uma taça que seu pai lhe apresentava.
— Bebe, minha Cecília, dizia o fidalgo; é um cordial que te fará muito bem.
— De que serve, meu pai? Por uma hora, se tanto nos resta viver, não vale a pena! respondia a menina, sorrindo tristemente.
— Tu te enganas! Ainda não estamos de todo perdidos.
— Tendes alguma esperança? perguntou ela incrédula.
— Sim, tenho uma esperança, e esta não me iludirá! respondeu D. Antônio, com um acento profundo.
— Qual? Dizei-me!
— És curiosa? replicou o fidalgo sorrindo. Pois só te direi se fizeres o que te peço.
— Quereis que beba essa taça?