cavalheiros, que D. Antônio nem um momento admitiu a idéia de fugir para salvar sua filha; se houvesse outro meio, decerto o receberia como um favor do céu; mas aquele era impossível.
Enquanto o espírito do fidalgo se debatia nessa luta cruel, Peri, de pé, junto de Cecília, parecia querer ainda protegê-la contra a morte inevitável que a ameaçava. Dir-se-ia que o índio esperava algum socorro imprevisto, algum milagre que salvasse sua senhora; e que aguardava o momento de fazer por ela tudo quanto fosse possível ao homem.
D. Antônio, vendo a resolução que se pintava no rosto do selvagem, tornou-se ainda mais pensativo; quando, passado esse momento de reflexão, ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam com um raio de esperança.
Atravessou o espaço que o separava de sua filha, e, tomando a mão de Peri, disse-lhe com uma voz profunda e solene:
— Se tu fosses cristão, Peri!...
O índio voltou-se extremamente admirado daquelas palavras.
— Por quê?... perguntou ele.
— Por quê?...