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Página:O Guarani.djvu/652

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As árvores arrancadas dos seus alvéolos, a terra revolta, a cinza enegrecida que cobria a floresta, anunciavam que por ai tinham passado algum desses cataclismas que deixam após si a morte e a destruição.

Aqui e ali entre os cômoros das ruínas aparecia alguma índia, resto da tribo dos Aimorés, que tinha ficado para chorar a morte dos seus, e levar às outras tribos a noticia dessa tremenda vingança.

Quem plainasse nesse momento sobre aquela solidão, e lançasse os olhos pelos vastos horizontes que se abriam em torno, se a vista pudesse devassar a distancia de muitas léguas, veria ao longe, na larga esteira do Paraíba, passar rapidamente uma forma vaga e indecisa.

Era a canoa de Peri, que impelida pelo remo e pela viração da manhã corria com uma velocidade espantosa, semelhando uma sombra a fugir das primeiras claridades do dia.

Toda a noite o índio tinha remado sem descansar um momento; não ignorava que D. Antônio de Mariz na sua terrível vingança havia exterminado a tribo dos Aimorés, mas desejava apartar-se do teatro da catástrofe, e aproximar-se dos seus campos nativos.