Página:O Hóspede.djvu/14

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olhar boiasse a flux do lago de mansidões. Para que incomodar-se? Ela sentia-se tão bem naquele descanso do organismo inteiro. Demais não estava com fome. Não valia a pena inquietar-se por tão pouco. O jantar podia muito bem ser demorado um bocadinho. E deixou que a embalasse o oscilar da cadeira, seu pezinho delicado surgindo de entre as saias a desenhar-lhe os contornos sensuais da perna.

Voltara-se para as bandas de fora. Gostava do verde escuro das folhagens espessas, e achava graça na voz do vento a sibilar pelas ramadas. Além, no branco arenoso da alameda brincava o filhinho louro muito entretido em encher de terra os vagões de um pequeno trem. Estava tão bonito com a sua roupa azul de marinheiro e o rosto inteligente e rosado a enquadrar-se na moldura dourada de suas longas madeixas! E Nenê sorria-lhe mostrando-lhe os dentes alvos, toda embebida nesse espetáculo, com vontades de ir brincar também, de beijá-lo muito e muito, nuns grandes pruridos de maternidade.

Entretanto o relógio batera quatro e meia. D. Augusta levantara-se e reunia as costuras. A coisa não podia ficar assim! Era preciso dar-lhe uma decisão, e já