lançado aos amores fáceis do seu passado, como o complemento da sua carta de bacharel em direito. Queria-a fosse como fosse, custasse o que custasse, ainda mesmo que tivesse de passar por cima de um cadáver, numa grande superexcitação de espírito, alucinado por toda essa paixão sensual que lhe brotara de repente no organismo inteiro, nas veemências que geram as dificuldades não superadas.
Formava uns planos para futuros a sós. Dir-lhe-ia toda a imensidade de desejos que lhe abrasava o crânio. Ela havia de ceder, de se deixar cair nos seus braços. E depois? Oh, como havia de ser bela a existência! Castelava-a numas alegrias sem fim, numas brutalidades enormes, nuns paroxismos de sensualidades. Viveria ali, naquela mesma casa, a amá-la constantemente, a rodeá-la de carinhos e afetos. Não lhe repugnava compartilhar com o Pedro esse tesouro de amores bons que lhe adivinhava. No final das contas o outro era marido e tinha direitos adquiridos, direitos em que não ousava tocar. Seriam dois a amá-la. Apenas, evitaria por todos os meios que o outro conhecesse aquela vida a três. Era possível que o amigo não se agradasse muito com o negócio