Página:O Hóspede.djvu/157

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rivalidades ela queria viver entre a mãe, o marido e o filho e tendo o Marcondes como um sacerdote da sua religião; ela lá em cima, em um altar, bela e impassível como uma deusa a respigar todos os fanatismos histéricos dos seus crentes, muito boa, consentindo que a adorassem!

E no dia seguinte a moça acordou muito enraivecida e de mau humor, ralhando com todo mundo e a qualquer propósito, fazendo-se má castigando o Pedroca porque fora ao jardim contra a sua ordem expressa. Durante o almoço mostrara-se muito cheia de bruscarias, tratando o Marcondes com umas ostentações de friezas. E assim levara todo o dia, sempre irritadiça, mudando constantemente de lugar. À noite, quando foram para o portão, naquele hábito contraído desde tantos tempos, continuou a perturbar todos os prazeres e divertimentos, interrompendo as conversações dizendo que estava incomodada, que os outros não lhe ligavam importância, que a deixavam sozinha sem lhe prestar atenção. Mais tarde, à hora costumeira da reunião na sala de visitas, ela ainda redobrou de maus modos e declarou positivamente que não queria mais tocar piano, que estava farta de cansar-se para divertir umas pessoas que